quinta-feira, 17 de março de 2011

O olhar de fé

            Nestes dias estamos convivendo com tantas notícias que revelam o sofrimento dos japoneses por contas do terremoto. Lamentamos profundamente essa situação e esperamos que as pessoas se refaçam diante de tantas tragédias.
            A fé nos ajuda a chamar os japoneses de “irmãos”. Mesmo que muitos não sejam cristãos, são “de Deus”; fazem parte desse projeto querido por Deus, que se denomina “mundo”. Quando tomados por tais notícias, intensificamos as nossas orações e revelamos muita preocupação com os envolvidos. Isso já é profundamente cristão.
            Diante de um acontecimento tremendo como este, nós, costumeiramente, perguntamo-nos porque isso de fato acontece. Claro que essa pergunta não quer uma resposta geológica apenas.  A presente pergunta tem uma intuição teológica, filosófica e antropológica. Se não temos respostas, temos sinais da presença amorosa de Deus.
            Um sinal da presença de Deus é a preocupação crescente das pessoas, das organizações e governos para com os japoneses. A cooperação ainda é um meio eficaz para superarmos as nossas dificuldades. A solidariedade desperta sentimentos e atitudes nobres para amenizar a dor. Que bom que estamos escutando o grito da natureza. O terremoto pode ser entendido como um clamor. Melhor ainda quando a nossa resposta “lembra” Deus para o mundo.
            Um outro sinal é a capacidade que o ser humano tem de superar as sua dores e sofrimentos. A dor dos japoneses é grande, mas eles podem dar uma nova resposta. Na verdade, o ser humano encontra em Deus a força para transpor as suas dificuldades. Em Deus vamos vencer, serão vitoriosos.
            Um terceiro sinal é o próprio chamado de Deus para sermos “cuidadores e cuidadoras” da mãe terra. São muitas as situações na vida que mais que solicitar respostas precisas, necessitamos escutar o eco de Deus. Imaginemos que o nosso Deus pede de cada um de nós que sejamos guardiães da natureza, que não está fora nem longe; não estamos distantes. Somos natureza também!
            A fé nos ajuda a ver o nosso mundo com “óculos divinos”. A fé nos distancia de um olhar ingênuo, quando não frio e indiferente. É um modo de olhar mais adiante e sentir o toque de Deus na nossa realidade. Os nossos irmãos japoneses parecem estar “em um vale de lágrimas”. Parece ser isso mesmo. Contudo, com Jesus Cristo morto e ressuscitado encontrarão a paz, a alegria de viver e a vida mais plena mediante a vivência mais generosa do amor.
            Que Deus abençoe o povo do Japão, seus filhos e nossos irmãos!!!

Pe. Júlio Santa Bárbara
Padre da Arquidiocese de Feira de Santana
Pastor da Paróquia São José Operário

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